terça-feira, 1 de novembro de 2011

Texto da Nicia




(Tão logo seja possível, será adicionada uma imagem aqui)


Era uma vez.Sim,o ‘’Era uma vez’’,dos contos de fadas,porém temperado com a realidade dos fatos,como a vida da gente.De gente como eu.Como você.Gente como Diana.

Diana nascera no extremo norte do nosso país,num ambiente de poesias,acordes e muito amor,cultivado por seus pais,que compensavam a falta financeira com todo carinho que lhes fosse possível.Seus pais,Liz e Isadoro,viviam da música,tocando em todos os cantos em que boas canções fossem permitidas,fossem em bares,boates,janelas de namorada ou calçadas.Um verdadeiro caso de amor dos dois.
Tudo parecia perfeito,até que uma doença derradeira tirou rapidamente a vida de Liz.Conforme a doença avançava e tomava conta de seu corpo,Isadoro degenerava-se junto dela.Nem a pequena Diana era razão boa o suficiente para crer na própria força e seguir em frente com dignidade.Sem perspectiva alguma,entregou-se de corpo e alma ao álcool,que lhe servia como mecanismo de fuga da realidade.

Desde então,transformou-se em uma pessoa totalmente irresponsável em relação às suas obrigações paternas,mais importantes ainda após a morte de sua esposa.Oscilava todo o tempo entre a sobriedade e a embriaguez,tratando a filha ora com agressividade ora com indiferença,isso quando não a agredia fisicamente.
E a garota teve que se criar na realidade do mundo,quando tinha idade apenas para brincar e sonhar,ser seus próprios pais,enquanto ela apenas queria o colo de sua mãe.Nunca se sentiu tão sozinha.

Até que um dia,a pequena Diana,já não tão pequena assim,resolveu aproveitar a breve ida do circo à cidade para fugir daquela triste rotina em que se encontrava,e realizar um sonho.Pegou rabeira sorrateiramente no caminhão colorido e deixou toda aquela infeliz história para trás,para viver a magia de seu  sonho  de menina,em um futuro próximo.
Ela foi recebida de braços abertos por todos,e posta como aprendiz para aprender as técnicas necessárias para se tornar um membro do picadeiro.Observava mágicos,malabaristas,trapezistas,mas nada ali faria ela ir contra o que sonhara pra si desde o início:tinha o desejo,e o dom de fazer sorrir.Para ela,era essa sua missão real no circo,e seu grande sonho.Ser palhaça.Tinha uma luz de vida e alegria dentro de si,que transbordava pelo corpo todo quando estava sob a lona colorida,fazendo as pessoas sorrirem.Era seu verdadeiro lar.

Até que,após  um período de treinamento,chegou o grande momento.Diana estrearia esta noite,ao lado do palhaço mais antigo do circo,um verdadeiro pai e mestre da jovem.
Enquanto se preparava,passava lentamente a maquiagem que a transformaria em palhaça tão logo terminasse,e pensou em toda a sua história,desde seus primeiros anos,com toda a dor,as lágrimas de perda,de solidão,de desesperança.Se deu conta que,todo palhaço tem uma lágrima por trás da maquiagem;a diferença é que ele consegue escondê-la a ponto de fazer todos sorrirem.Um verdadeiro médico da alma.Logo que esse pensamento passou pela sua cabeça,emocionou-se a sós consigo mesma,mas não tinha tempo para chorar,nem que fosse de alegria.Era a hora.
Entrou no picadeiro.As pessoas olhavam curiosas para sua figura divertida,que tentava,entre uma palhaçada e outra,disfarçar o nervoso,que diminuía a cada gargalhada do público.O espetáculo correu bem,apesar da apreensão da estréia,e Diana não cabia em si de felicidade.Sentia que encontrou seu caminho,o que gostaria de fazer por toda sua vida,acima de todas as dificuldades que enfrentaria.

  Após o fim do espetáculo,e já descaracterizada,a bela jovem foi dar uma volta carregando seu nariz de palhaço,para aproveitar a noite quente e estrelada que brindava o sucesso de todos,em pleno fim de novembro.Sentia que sua alegria estava inabalável,nem que fosse só por aquela noite.
Andava distraidamente pela rua,quando um carro ganhou a rua com grande velocidade,e,antes que ela pudesse esquivar-se ou gritar,foi atingida com brutalidade pelo veículo,e logo foi ao chão,deixando cair o nariz de palhaço que ainda estava em sua mão.Logo perde os sentidos,e lentamente,a luz de vida que habitava em seu corpo.Estava morta,e nada podia se fazer.
O homem salta apavorado do veículo,meio cambaleante,pelo efeito do álcool,para ver se o pior aconteceu,e não pôde evitar um grito de desespero.Quase não reconheceu a filha deitada no chão.




(Esta é a primeira versão do texto da Nicia.
Proposta: cada participante deveria observar o próprio autorretrato realizado na atividade anterior - ver postagens. A  partir dessa observação, faria uma espécie de descrição da figura retratada em forma de texto. Cada um poderia usar a forma e o gênero que quisesse, o importante era olhar a si mesmo retratado como se fosse outro.
Depois de lido e analisado pelo grupo, o texto terá, pelo menos, mais uma versão)

2 comentários:

  1. Nicia, seu texto bem interessante, mas como é primeira versão eu gostaria de fazer algumas sugestões para que você pense se quer utiliza-las: o texto está "muito" bem escrito, muito certinho, tem vigor, tem ousadia, mas me dá um tom linear, certinho, limpo demais, talvez fosse interessante jogar isso tudo no chão junto com a menina, empoeirar um pouco, torna-lo mais real e um tantinho menos descritivo, talvez menos palavras para um maior trunfo, porque a história é boa! Vi a última cena acontecer. Um grande abraço, Elaine

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  2. Gostei muito da história, muito forte e com muito potencial. Mas faço minhas as palavras da Elaine. O tom descritivo faz com que a história perca a força.
    Talvez bagunçar isso um pouco deixe mais interessante. Talvez começar a história do ponto onde ela pinta o rosto e se lembra da sua vida, fazendo a história crescer para que as pessoas sejam arrebatadas com o final trágico.

    Parabéns, tá no caminho certo. Agora é só trabalhar mais um pouquinho.

    Carina.

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