Londres, Inglaterra
17/12/1995
Parecia mais um dia normal no escritório, até que ela entrou pela porta, como a tempestade antes da calmaria. Elegante, loira, com olhos que me atingiram como um trem de carga ela entrou, se sentou, me encarou e falou: “preciso de sua ajuda”. Sou detetive particular, pelo menos é o que diz meu anúncio no jornal. Jack Drake é o meu nome e conforme ela ia me contando eu ia me arrependendo deste mesmo anúncio.
Era um caso difícil, suspeita de assassinato. Mas a dama era persuasiva, todas são de algum jeito. Dinheiro acertado e ela me levou a um beco, a cena do crime. Uma fita amarela isolava tudo. Então eu vi o desenho no chão, aqueles famosos desenhos feitos no chão mostrando como o morto fora encontrado. Mas nesse caso não havia corpo, apenas o desenho feito pelo assassino e dentro do desenho e em volta frases e desenhos feitos com sangue. E um bilhete no meio que dizia “Descubram quem morreu”.
Como eu disse, um caso difícil. As pistas estavam todas no chão, frases, citações, desenhos, imagens, então decidi que o único jeito de descobrir a verdade era pesquisando essas frases. Comecei a ler, reconheci algumas, letras de músicas, Beatles, Blink 82, AC/DC, Clássicos. Humm... aí já temos os possíveis interesses musicais do morto. Não era muito, mas já era algo. Pelas músicas e bandas diria que era alguém que gostava de rock clássico, principalmente, e gostava de décadas passadas. Mas isso era apenas o que estava fora da imagem. Dentro, após algumas pesquisas rápidas, descobri que eram citações de descritores e de histórias em quadrinhos.
Agora tínhamos duas coisas: gostos musicais e interesses pessoais. Com isso eu podia dizer que a vítima devia ser jovem, possivelmente adolescente, perto dos 15 anos. Pedi aos policiais uma lista dos desaparecidos na última semana nessa faixa de idade. Me arranjaram 3 nomes: Francis Muller, Lucas Cardoso Fonseca e Milena Hollden. Por destino ou sorte, nunca saberei, a casa mais perto do local era a do Fonseca.
Chegando lá, interroguei os pais, até que algo me chamou a atenção, um porta-retratos, e nele estavam o garoto e uma mulher, a mesma mulher que me contratou, eu não esqueceria aqueles olhos. Perguntei quem era aquela e eles disseram que era a irmã dele. A resposta de todo o caso me acertou como uma bala de 40 milímetros. Saí em disparada da casa, diretamente para a delegacia, era tudo tão claro agora. Ela não trabalhava para a polícia nem nada, me contratou para um caso de assassinato onde nem se sabia quem era a vítima. Ela queria ter certeza de que iria ser descoberta.
A polícia logo se movimentou, mas algo me dizia que já era tarde demais. Horas se passaram e nenhum sinal dela. De volta ao escritório, vejo a porta aberta. Entrei, ela havia levado tudo. Roubou tudo o que havia lá e deixou um bilhete dizendo: “obrigada por tudo. Sabia que você conseguiria.”
(Esta é a primeira versão do texto do Lucas.
Proposta: cada participante deveria observar o próprio autorretrato realizado na atividade anterior - ver postagens. A partir dessa observação, faria uma espécie de descrição da figura retratada em forma de texto. Cada um poderia usar a forma e o gênero que quisesse, o importante era olhar a si mesmo retratado como se fosse outro.
Depois de lido e analisado pelo grupo, o texto terá, pelo menos, mais uma versão)