Meu nome é Verena, mas como é difícil e quase desconhecido me conhecem também como Hermione, Avril, Maria Cristina, Isabel e Talita. Acho que nomes deveriam depender da situação. E no estado em que me encontro queria ser uma espécie de Maria Leopoldina, herdeira do trono.
Como princesa, poderia mandar fazer um balanço de nuvens, pra me pendurar na lua e ter só estrelas pra conversar, que os humanos me chateiam demais!
Subir!!! As estrelas não te dão ordens, a lua veste seu gorro de dormir e não implica com o horário da TV. As nuvens abafam o som alto da música que você escuta, porque tem hora que a gente não quer ouvir nada, só um vácuo.
E por falar em balança de nuvem, princesas também não engordam, por isso minha dieta seria à base de doces, chocolates e sorvetes. Então eu comeria um muffin exatamente agora, no almoço. Porque eu quero que seja almoço. E não escovaria os dentes porque princesas não tem cáries e já nascem sabendo coisas.
Eu nasceria sabendo tocar guitarra e falando a linguagem dos sinais. Eu diria tudo que penso, quando me obrigassem a ficar calada.
Bem, na verdade, Maria Leopoldina é o nome da minha tartaruga. Ela era uma princesa que foi transformada em bicho pela bruxa malvada porque tirou nota baixa na prova de realezas. E vai ficar tartaruga até que um moço bonito, bruxo e inglês resolva dar-lhe um beijo e tirá-la da vida tediosa e rasteira dos quelônios.
Ou serei eu uma tartaruga escritora que se imagina princesa?!...
(Simone Alcântara escreveu este retrato em 1ª pessoa a partir do auto-retrato feito em colagem por Anna Beatriz. Clique na imagem para vê-la maior)
